sexta-feira, agosto 18, 2006

Leveza

Estive relendo este blog e notei que ele anda meio pesado. É terrorismo, guerra, falecimento e outros assuntos não muito agradáveis. Como não quero perder os cerca de dez leitores que ainda restaram (será que ainda têm dez aí?), resolvi escrever sobre algo mais ameno.

Só que escrever é fácil. O difícil é decidir sobre o que escrever, achar a famosa “inspiração”. Pode ser que para os escritores de verdade, ela venha naturalmente. Para mim, não. Normalmente eu leio algo no jornal, na internet, ou vejo alguma coisa na TV que me dá a idéia do que escrever, mas ultimamente o noticiário anda mais pesado do que o Ronaldo na Copa.

Então resolvi escrever sobre algo leve e o que mais leve que o ar? Antes que vocês dez pulem fora deste blog, ou então pensem que vou escrever sobre o 14-Bis do Santos Dumont, vou explicar.

Eu tenho procurado caminhar de manhã cedo, já que fazer ginástica dá muito trabalho e cansa. Assim, tento diminuir a minha culpa e a minha barriga. Eu ando dentro de um parque que tem perto de casa, rodeado de árvores, pássaros e mosquitos (nem tudo é perfeito).

Hoje eu estava andando pelo caminho de sempre e tive a idéia de tentar me abstrair do ambiente com o qual eu estou acostumado, por onde passo quase todos os dias, e encarar como se eu estivesse ali pela primeira vez, realmente vendo, sentindo, cheirando, aguçando os sentidos. Estava um dia bonito, céu azul, ainda não estava muito quente (é verão aqui) e, como estava úmido, estava aquele cheirinho de mato.

E então fiquei saboreando aquele ar puro, sentindo o seu friozinho matinal, o seu cheiro impregnado de natureza, degustando o ar como quem saboreia um vinho raro, buscando traços sutis de aromas variados, despertando sensações e memórias. Sim, porque o olfato funciona como um gatilho que dispara memórias arquivadas na cabeça da gente, organizadas por vários índices, inclusive de cheiros (quem não lembra do prazer de sentir o cheirinho de pão fresco da padaria, ou do cheiro da pipoca pulando da panela do pipoqueiro da esquina?).

Aquele ar, descendo do nariz até os pulmões, além de servir de combustível para a vida, me lembrou de lugares a quilômetros de distância, me transportando instantaneamente que nem no seriado Jornada nas Estrelas. Em menos de um segundo, eu estava no meio das palmeiras do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na Mata Atlântica do Parque de Itatiaia, no Parque das Águas de São Lourenço, no clima privilegiado de Miguel Pereira...

Imediatamente, veio uma sensação boa, a felicidade de lugares e momentos vividos com alegria e prazer, de memórias que fazem a vida ter sentido e valer a pena. Em poucos segundos, e com o simples ato de respirar, foi como se o tempo tivesse parado: os mosquitos deixaram de chatear, os carros não passavam e eu podia estar em qualquer lugar, em todos os lugares e em lugar nenhum, ao mesmo tempo.

Ao final desse momento mágico, que provavelmente durou alguns segundos no meu relógio mas uma eternidade na minha mente, fui andando e olhando para o céu, lembrando daquelas comparações que mostram como somos pequenos perante o universo e o tempo.

Fiquei pensando que se a gente existe, neste universo tão imenso, e se temos a capacidade de sentir e apreciar coisas tão simples como o ar que respiramos, se somos capazes de criar e guardar universos nas nossas mentes, formados pelas nossas memórias e imaginação, pelos quais viajamos a qualquer momento, então deve haver um motivo muito bom para isso, algum plano bem maior que, só porque não conseguimos entender, não quer dizer que não exista.

Hoje, aqueles dizeres de que Deus está em todos os lugares ao mesmo tempo, como o ar que nos cerca, fizeram muito mais sentido...

segunda-feira, agosto 07, 2006

Manual Prático de Combate Ao Terrorismo

Versão atualizada e ampliada

Combater o terrorismo não é atividade fácil ou simples. Não é atividade para amadores. Combater o terrorismo exige determinação, força de vontade, persistência e, principalmente, sangue frio. Não é atividade para fracos, covardes, ou inseguros.

Este Manual não é um guia completo, nem tem a pretensão de ser uma “receita de bolo”, mas pode ser um bom guia para aqueles que têm os requisitos necessários, mas não sabem exatamente como proceder. Recomenda-se a leitura a presidentes, ministros ou secretários de estado, militares e diplomatas, embora os conceitos aqui emitidos possam ser facilmente entendidos pelo público em geral.

ATENÇÃO: Combater o terrorismo é atividade de alto risco, sendo muitas vezes letal. Este Manual não se responsabiliza por efeitos diretos ou indiretos do combate ao terrorismo.

Para efetivamente combater o terrorismo, 10 passos básicos devem ser seguidos:

1- Nunca negocie. Terrorista não vê negociação como um ato civilizado em busca de um consenso ou de um acordo. Terrorista vê negociação como um ato de fraqueza. Se você negociar hoje o seu dedo, amanhã eles não pedirão a sua mão, mas sim a sua cabeça. Portanto, nunca negocie nem faça concessões. Você só terá a perder, pois se tornará refém de quem não tem nada a perder.

2- Não use pouca força. Ao lidar com terroristas, use o máximo de força a seu dispor. Lembre-se que usando pouca ou muita força, você já começa em desvantagem, uma vez que o terrorista aceita a morte como um prêmio. Portanto, use o máximo de força para ter alguma chance de sair perdendo menos. Sim, porque contra terrorista você sempre irá perder: se usar pouca força não adianta nada e se usar muita força, será acusado de reagir “desproporcionalmente”. Se é para ficar mal, que pelo menos você fique mal acabando com (ou diminuindo) a ameaça.

3- Prepare-se para a guerra psicológica. Lembre-se que a frente de batalha não é só aquela onde tiros são disparados. Há uma outra guerra, de dimensão bem maior, correndo em paralelo, que é a guerra da opinião pública mundial. Os terroristas farão tudo para serem vistos pelos compatriotas como mártires e salvadores da pátria e pela opinião pública mundial, que carrega um complexo de culpa e quer ser politicamente correta, como os coitadinhos enfrentando os opressores.

4- Entenda que muita gente inocente vai morrer. Ainda que inaceitável, é inevitável que muita gente inocente acabe morrendo, de ambos os lados. Do seu lado, porque terrorista não tem escrúpulo – para eles os fins justificam os meios. Do lado deles, porque terrorista se esconde em escolas, hospitais, mesquitas, no meio da população civil e os usa como escudos. Para os terroristas estes inocentes, assim como eles, são mártires da causa.

5- Não conte com solidariedade. Lutar contra terroristas é uma luta solitária. Ninguém vai querer ajudar, por medo, covardia ou indiferença. Quando o terrorista atingir você, ao invés de ajuda você receberá olhares de alívio (“ainda bem que não é comigo”), falsa solidariedade (“lamentamos o ocorrido”), críticas (“você provocou a situação”) ou sugestões que não resolvem a raiz do problema (“cessar-fogo imediato”).

6- Não espere resultados rápidos. Lutar contra terroristas é atividade de longa duração. Terrorista é como a medusa: você corta uma cabeça e nasce outra. Portanto, prepare-se para uma longa, dura e dolorida jornada, mas nunca perca de vista o seu objetivo. Terrorista conta com o seu cansaço.

7- Ataque o mal pela raiz. Vá atrás dos líderes, sejam eles religiosos que incentivam a “guerra santa”, políticos que manipulam a população ignorante, ou mentores intelectuais que usam ideologia misturada com fanatismo. Lembre-se que ao atingir o líder, o resto do bando se desarticula.

8- Mantenha os seus valores. Os terroristas querem matar você, mas se não conseguirem, se dão por satisfeitos em mudar os seus valores, seu modo de vida. Lembre-se que terroristas florescem em ambientes totalitários, onde não há liberdade, conhecimento e informação. Não caia na tentação de, com o intuito de combater o terrorismo, acabar por limitar a liberdade, o conhecimento e a informação de sua população. No momento que você abrir mão do seu modo de vida, de seus valores e adotar o modo de vida do terrorista, ele ganhou a guerra.

9- Use inteligência. Seja inteligência no sentido próprio da palavra, ou inteligência no sentido de investigação, infiltração. Infiltrando o movimento terrorista, ainda que difícil e perigoso, você ganha acesso a informações que ajudarão a identificar os líderes (ver item 7), se antecipar aos atos terroristas e a melhor entender como o movimento funciona. Se preciso, use a mesma tática dos terroristas, criando os “sleepers” (agentes que passam anos inativos, aguardando a ordem e o momento de entrar em ação).

10- Se nada disso adiantar, prepare-se para viver num mundo dominado pelo Hesbollah, Hamas, Taliban e outros do gênero: coloque um turbante (ou um véu, no caso das mulheres), aprenda árabe e seja bem vindo à idade média!