quinta-feira, setembro 07, 2006

As 4 Estações da Vida

Está chegando o outono aqui, que muitos consideram a estação mais bonita do ano. As árvores, como que antecipando a eminente perda das folhas, resolvem dar um último show, encantando a platéia com tonalidades impossíveis de descrever, numa aquarela de cores infinitas. O sol, diretor de iluminação do show, se contém em deferência ao personagem principal, limitando-se a realçar a beleza da vegetação que se despede.

Esta mudança de estação me faz refletir sobre as mudanças que passamos ao longo da vida, me levando a uma analogia que provavelmente outros já fizeram com mais brilho. Mas, se eu fosse evitar escrever sobre aquilo que outros já escreveram, este blog ficaria em branco...

Durante a infância, somos pequenos e frágeis. Precisamos de calor e de bastante alimento para crescermos fortes e saudáveis. Rapidamente nos desenvolvemos, adquirindo características que nos acompanharão para sempre. As mudanças acontecem às vezes de um dia para o outro. Assim é a primavera: as plantas nascem, tenras e frágeis mas, com o calor do sol e se alimentando da terra e da chuva, rapidamente crescem e se desenvolvem. A primavera, assim com a infância, é a época do despertar, de abrir os olhos para o mundo que nos cerca e do qual passamos a ser parte integrante.

Na adolescência e no começo da vida adulta, somos como o verão: tudo é intenso. A energia e o brilho são fortes, as tempestades aparecem de repente, sem mais nem menos, parecendo que o mundo vai acabar, para logo desaparecerem da mesma forma repentina como surgiram. É como se a natureza, qual um adolescente, ficasse impaciente e passasse por crises de humor. As árvores, como as pessoas, consolidam seu crescimento e firmam as raízes que lhes darão sustentação para o resto da vida.

A meia idade, assim como o outono, é o período dos meio-tons. O crescimento está completo e os galhos se multiplicaram e espalharam. A intensidade é menor, a energia diminui, as marcas da vida estão registradas nos rostos e nas folhas, e a beleza se modifica, adquirindo toques sutis e uma atração diferente, madura. É a época da suavidade, da calma de quem sobreviveu às dores de crescimento da infância e às tempestades da adolescência e do início da vida adulta. É a natureza e a vida atingindo a plenitude.

O inverno e a velhice trazem o branco da neve e dos cabelos. As plantas, assim como os corpos, se tornam secas e pouco flexíveis. Mas é também o tempo de aproveitar o aconchego de casa, saborear a companhia da família, de refletir sobre as conquistas, realizações e alegrias. O inverno/velhice é quando a natureza e as pessoas se preparam para um novo período, olhando para trás com a satisfação de uma missão cumprida, imaginando o que há à frente.

Ao final do inverno, a natureza então reinicia o seu ciclo interminável. O que nos leva a indagar se o mesmo acontece com a vida. Será que há um novo ciclo de renascimento após a morte, ou será que somos como a folha seca que se perde ao vento, deixando só a lembrança e a saudade?

Quem souber a resposta, por favor escreva para este blog.