Café da manhã tomado e, como ainda era cedo, subimos a rua do hotel, pois na noite anterior um casal de israelenses que estava jantando numa mesa próxima à nossa nos deu a dica de que às sextas-feiras há uma feira de artesanato na rua. A feira era bem comprida e havia muita coisa, mas nada que nos interessasse.
De volta ao hotel, fechamos as malas, deixamos na recepção e fomos pegar o carro que estava reservado. A locadora ficava a uns 20 minutos andando, próxima ao hotel King David. No caminho, passamos pela Grande Sinagoga de Jerusalém mas não entramos porque àquela hora parecia estar fechada.
Grande Sinagoga de Jerusalém |
Pegamos as malas no hotel e fomos embora. A saída de Jerusalém foi complicada: o GPS se perdeu, a gente entrou no lugar errado, acabamos dando umas 3 voltas em torno da cidade velha até acharmos o caminho certo, tudo isso no meio de um trânsito péssimo, o que atrasou bastante.
O problema é que Israel passou algumas áreas da Cisjordânia para o controle da Autoridade Palestina e, ou o GPS tenta fazer o caminho passando por essas áreas, o que não é desejável (locadoras não permitem uso dos carros alugados nestas áreas, por não serem seguras), ou o mapa dos GPS não reconhecem que determinadas estradas, apesar de passarem por essas áreas, estão sob controle de Israel e portanto não há problema.
Caminho de Jerusalém para o Mar Morto |
O caminho é muito interessante, cruzando o Deserto da Judéia. Vermos o Mar Morto pela primeira vez foi uma emoção, já que na 90, de um lado fica o Mar Morto e do outro o deserto, com montanhas de areia. Como não há vida no Mar Morto e pouca vida visível no deserto, parecia que estávamos em outro planeta, mas a paisagem tem uma beleza especial que as fotos não conseguem captar inteiramente.
No cruzamento da 1 com a 90 havia um posto de gasolina daqueles de parada de ônibus que vendem de tudo e, como estava muito calor, paramos para comprar uma água e aproveitei para comprar um chapéu de palha, acessório que seria essencial nesta região. Lá vimos um camelo que, eu tenho certeza, estava sorrindo para a gente. Confira as fotos do caminho e do camelo aqui.
O Mar Morto (que na verdade é um grande lago salgado) fica a mais de 400 metros abaixo do nível do mar, sendo o ponto mais baixo na superfície da Terra. Por isso, a densidade de oxigênio no ar é bem maior que o normal, o que facilita a respiração e naturalmente filtra os raios ultra-violetas do sol, limitando a necessidade de protetor solar. Ele tem esse nome porque como a concentração de sal na água é quase 10 vezes maior que a dos oceanos, nada consegue viver nele. Surpreendentemente, há poucas praias (leia-se, lugar onde não é proibido entrar na água), sendo a mais famosa a de Ein Bokek, onde tem vários hotéis.
Como Ein Bokek fica lotada de turistas, optamos por ir para a Praia Mineral (Mineral Beach), que é mais usada por israelenses. A praia fica na área de um Kibbutz e da fábrica Ahava de produtos de beleza do Mar Morto. A praia não estava muito cheia e é bem organizada: você paga um ingresso e desfruta de infraestrutura que inclui vestiários, chuveiros, cadeiras, etc.
Entrar na água do Mar Morto foi uma experiência estranha no início, porque é impossível afundar. Logicamente você não pode mergulhar ou molhar o rosto e qualquer feridinha na pele arde bastante. Quando você entra pela primeira vez é muito esquisita a sensação de flutuar em qualquer posição, mas aos poucos você vai acostumando. Curtimos bastante a novidade.
Em algumas áreas do Mar Morto tem uma lama que dizem ser boa para pele. Nessa praia não tinha, mas eles traziam tonéis com lama. A lama tem a consistência quase como de massa de modelar. A gente passa no corpo e deixa secando ao sol por 20 minutos, criando uma crosta e depois tira numa das duchas. Sentimos a pele um pouco mais macia depois, mas pode ser efeito placebo. O que interessa é que deram umas fotos ótimas. Veja aqui.
De lá, continuamos na direção sul, ainda margeando o Mar Morto e o deserto. O plano original era irmos para Ein Gedi, que é um oásis próximo, mas já estava tarde então deixamos para o dia seguinte. Assim, seguimos para Ein Bokek e sentamos no restaurante Hordus, do lado de fora, em frente ao mar. Estava muito agradável, pois o sol estava se pondo, o calor tinha diminuído e estávamos bem relaxados depois do banho de mar. Ainda tinha muito movimento, com gente acampando na areia, tocando música, tomando banho no mar. Veja algumas fotos tiradas no caminho e no restaurante clicando aqui.
Matada a fome, continuamos para o sul, até onde o Mar Morto termina. O nosso hotel era em uma pequena cidade/comunidade agrícola (moshav em hebraico) chamada Neot Hakikar. Escolhemos este local, não só pela proximidade do Mar Morto e de Massada (nosso programa para o dia seguinte), mas também porque queríamos experimentar algo mais local, diferente de hotéis de cadeia. Esse moshav fica literalmente na fronteira com a Jordânia e tem uma base de treinamento do exército lá. É uma fronteira calma, pois Israel e a Jordânia assinaram acordo de paz há muitos anos.
Embora chegamos facilmente ao moshav, depois de passarmos pelo portão de acesso controlado por um soldado, achar o hotel foi meio difícil, pois já era noite e as instruções não eram claras. Com a dona do hotel ao telefone com a Vivian (que podia ligar grátis para Israel) durante vários minutos e a Vivian mandando torpedos para a gente, finalmente chegamos. A dona A dona ficou muito surpresa ao saber que a Vivian estava ligando de New York e não de Israel...
Fomos muito bem recebidos, mesmo sendo tarde. A dona tinha preparado um prato de tâmaras da própria plantação dela e o chalé era muito bonito, confortável, espaçoso. Dormimos bem e no dia seguinte de manhã, antes de irmos embora, andamos um pouco pelo moshav, vendo as plantações (impressionante como conseguem fazer crescer tomate, pimentão, melancia e muito mais coisas naquela areia de deserto) e até mesmo arame farpado e campo minado na fronteira! Veja as fotos aqui.
Mas, o dia seguinte é assunto para o próximo artigo, quando visitamos Massada, o oásis de Ein Gedi e seguimos para o deserto do Neguev.
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