quarta-feira, setembro 19, 2012

Diários de Viagem: Conclusão

Hoje fazem exatamente 4 meses desde que voltamos da viagem por Roma e Israel. Propositadamente, esperei chegar este dia para escrever a conclusão dos Diários de Viagem, como forma de comemoração e como forma de poder ter um certo distanciamento que o tempo permite.

Aqueles que tiveram a paciência (e, espero, o prazer) de ler todos os 17 capítulos anteriores e ver as mais de mil fotos e vídeos postados, sabem o quão rica foi essa viagem em termos de história, cultura em geral e, principalmente, beleza.

Não vou cair na armadilha ou asneira de eleger os melhores ou piores lugares por onde passamos, ou as melhores e piores situações que enfrentamos. Quem se dispõe a viajar para lugares novos, diferentes, tem que estar preparado para alegrias e aborrecimentos. Tivemos muitas das primeiras e poucas das segundas, portanto o saldo é altamente positivo.

Como escolher o que foi melhor, entre a alegria de Roma, a espiritualidade de Jerusalém, o exótico do Mar Morto e do deserto, a imponência de Massada, o azul cristalino dos mares Vermelho e Mediterrâneo, a beleza exuberante do Golan, a emoção vivida em Haifa, ou a modernidade de Tel Aviv? Impossível e seria injusto. Cada lugar tem o seu caráter, o seu significado, a sua importância. Portanto, vou me ater a comentar de forma genérica os dois países que visitamos, a Itália (ainda que só Roma) e Israel.

O pouco que pudemos ver da Itália, nos deu a sensação de que apesar do Brasil ter sido colonizado pelos portugueses, a alma do brasileiro tem mais a ver com o italiano. Roma e o italiano têm a informalidade, espontaneidade e, por que não, a desorganização do brasileiro, ao contrário de Portugal, que é mais formal, mais sério. É difícil acreditar que aquele pedacinho de terra gerou o maior império do mundo antigo e dominou por centenas de anos grande parte do planeta até então conhecido.

Adoramos as praças com seus inúmeros chafarizes, a comida, os sorvetes. Ficamos pasmos com a riqueza e imponência do Vaticano e do Museu de mesmo nome. Não tivemos palavras para expressar a beleza, genialidade e perfeição das pinturas de Michelangelo na Capela Sistina. Viajamos no tempo, vendo as ruínas da Roma Imperial e imaginando como seria no seu auge. 

De lá, viajamos por Israel quase todo. Ah, como descrever tanta emoção? Israel foi uma surpresa incrível. A maioria das pessoas imagina Israel como um lugar meio desértico, talvez antigo, traumatizado e estressado por causa das guerras e atentados terroristas, com uma vida dura e sem graça.

O que vimos foi um país jovem, energético, vibrante, com uma população orgulhosa do que construíram, trabalhando na direção do progresso e vivendo quase que normalmente, como em qualquer outro país moderno. Vimos uma economia e turismo a todo vapor, com gente de várias nacionalidades, línguas, credos e raças se misturando nas ruas, nos lugares sagrados, nas lojas.

Vimos ortodoxos com suas roupas pretas e barbas compridas. Vimos jovens nas praias de bikinis e sungas. Vimos árabes vivendo lado a lado com judeus e cristãos. Vimos sinagogas, igrejas, mesquitas, lojas, bares e shopping centers. Vimos garotos com uniforme do exército, segurando sub-metralhadoras, sentados no ponto de ônibus aguardando a condução para casa. Vimos até um centro de Yoga no meio do deserto!

Israel não é nenhum paraíso, assim como o Brasil ou os EUA não o são: vimos também um país com seus contrastes e dilemas internos - características das democracias, tentando achar um equilíbrio entre secularidade e religiosidade, entre a diplomacia e a manutenção da segurança interna. O israelense vive uma dicotomia entre o desejo de paz e a necessidade de segurança.

Viajar por Israel é uma experiência única, pois em poucas horas você pode cruzar o país todo. Entretanto, para realmente aproveitar e conhecer bem, acho que meses (ou talvez anos) seriam necessários. Como tínhamos apenas dias, tivemos que fazer que nem menu degustação, provando um pouquinho de cada prato.

E que cardápio Israel serviu: 2 mares - Mediterrâneo e Vermelho (ou 4 se contarmos com Mar Morto e Mar da Galiléia que não são mares realmente), 2 desertos (Negev e da Judéia), 2 fortalezas imponentes (Massada e Nimrod), 1 cratera "lunar" (Ramon), várias praias lindíssimas (com destaque especial para Netanya), colinas e montanhas de cartão postal (Golan), e muito mais, tudo servido com muito falafel e humous deliciosos.

Mas, apesar de Israel ter várias cidades de importância histórica e religiosa, nada se compara a Jerusalém. Jerusalém é aquele prato principal, que é o centro e o ponto alto da refeição. É um prato que deve ser apreciado com vagar e com todos os sentidos, absorvendo seus inúmeros (e às vezes contrastantes) sabores.

Viajar por Israel foi uma experiência que vai ficar por toda a vida, que deixou uma saudade sentida todos os dias nestes 4 meses desde que voltamos. Deixou a gente satisfeito, mas com aquele gostinho de quero mais. Nos deu uma melhor idéia dos desafios e ameaças que o país enfrenta e uma maior admiração à sua população.

Enfim, tudo que é bom dura pouco, as férias acabaram e voltamos ao batente. Mas, voltamos felizes, alegres, com horizonte e percepção expandidos.

Agora, é reviver relendo o blog, revendo as fotos, recordando lugares, momentos e sensações, mas sempre com o otimismo e a esperança de quem sabe um dia voltarmos a Israel ou conhecermos outros lugares tão encantadores.

Foi uma viagem escrever cada linha, escolher cada foto, relembrar cada detalhe que, em conjunto, compuseram os artigos publicados. Eu não poderia terminar estes Diários sem agradecer a todos aqueles que me incentivaram a escrever antes e durante a elaboração destes artigos, através de comentários, elogios e correções. Meu muito obrigado e espero que vocês tenham curtido esta viagem também.

Até a próxima!


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