terça-feira, maio 29, 2012

Diários de Viagem: 2 - Em Roma (dia 1)

A chegada em Roma foi meio tumultuada, pois o aeroporto parecia a Rodoviária Novo Rio em véspera de Carnaval. Depois de pegarmos as malas, entramos numa fila enorme para o controle de passaportes. Achamos que iríamos ficar o dia inteiro na fila, mas estranhamente estava andando bem rápido. Ao chegar a nossa vez, descobrimos o porque: você se aproximava do guichê, mostrava que tinha um passaporte (nem abria) e eles mandavam você seguir! Será que era o jeitinho italiano?

A alfândega foi inexistente - uns 2 ou 3 caras conversando num canto e todo mundo passando de passagem, direto. O terminal de chegadas também estava lotado. Pausa agora para algumas dicas para quem for a Roma:

1- Compre o Roma Pass. O Roma Pass, como o nome diz, é um passe que dá acesso grátis em Roma a dois lugares de uma lista extensa (museus e locais históricos) e desconto nos demais. A grande vantagem nesse caso é evitar as filas nas bilheterias de lugares como o Coliseu. Ele dá também uso ilimitado de ônibus e metrô (exceto o que liga ao aeroporto), por 3 dias. Mas, atenção: O Palácio e o Museu do Vaticano não estão incluídos, porque o Vaticano tecnicamente é outro país. Compramos o Roma Pass no escritório de informações turísticas do aeroporto. Ele vem com um pacotinho de informações úteis, incluindo um mapa da cidade e das linhas de ônibus e metrô.

2- Não use os caixas eletrônicos avulsos do aeroporto, pois não são seguros. No próprio terminal de chegada, lá no final, embaixo das escadas rolantes, tem uma agência de banco com um caixa eletrônico fechado, daqueles que você passa o cartão para abrir a porta. Seguro e tranquilo.

3- Como no Rio, não aceite ofertas de taxi. Vá para a "fila oficial" de taxis brancos, em frente à saída. Eles são obrigados a operar com tarifa fixa determinada pelo governo (40 Euros no momento).   

Pegamos o nosso taxi e finalmente estávamos em Roma. Uma via expressa levava do aeroporto para os bairros e ao sairmos dela tivemos a impressão de estarmos no Rio ou em Belo Horizonte, em função do trânsito, dos prédios e do aspecto das ruas. O motorista, apesar de falar pouco inglês, foi descrevendo os lugares por onde estávamos passando. Estávamos tendo o nosso primeiro tour por Roma!

Ao chegar na rua do hotel, o motorista disse que não podia entrar nela (o que depois descobrimos não ser correto) e nos deixou na esquina. Lá fomos nós puxando mala pelos paralelepípedos de Roma. Não foi exatamente uma chegada glamourosa...

Fomos muito bem recebidos no hotel, que era pequeno e cercado de lojas de marca como Prada e Gucci. A localização (motivo da nossa escolha) era ótima pois ficava a 2 minutos da Praça de Espanha e uns 5 minutos da Fontana de Trevi. A má notícia é que, sendo antigo, não tinha elevador e tivemos que carregar malas por dois lances de escada. Depois de um banho reparador para recuperar do viagem (e das 6 horas de diferença de fuso horário), estávamos prontos para as atrações do dia.

Estava um dia muito bonito e a Praça de Espanha estava lotada (depois contamos mais sobre ela). Na própria praça pegamos o metrô que levava para perto do Vaticano. As estações são bem feiosas, velhas, mas os trens estão em  bom estado e chegam com frequência, sendo a melhor opção para evitar o trânsito meio caótico da cidade. Ao descermos, andamos por alguns minutos até o Museu do Vaticano, por onde se acessa a Capela Sistina.

No caminho, uma cena que parecia Brasil: vários camelôs na rua vendendo bolsas de marca, legítimas "made in China". Aí apareceu a polícia e saíram todos correndo, para voltarem assim que a polícia foi embora. Esse programa não aparecia em nenhum guia turístico que lemos...

O Museu do Vaticano é até difícil de descrever, pelo tamanho e riqueza. São salões e mais salões com esculturas, tapeçarias, pinturas, e paredes, chão e tetos decorados. Estava muito cheio (talvez por ser fim de semana logo após o feriado de 1o de maio), com vários grupos de excursão, o que as vezes até dificultava fotografar. Andamos por vários salões e andares por mais ou menos uma hora até chegarmos à Capela Sistina.

Ao entramos na Capela, entendemos o por que de fazerem um caminho que a deixa para o final. Apesar da pouca claridade do ambiente, é de cair o queixo o trabalho de Michelangelo. As cores, as formas, as proporções, o brilho, são inacreditáveis e dão até uma sensação de estarem em 3D. É difícil até imaginar como ele conseguiu pintar de forma tão criativa e perfeita nas paredes e principalmente no teto.

A criação de Adão - Uma das muitas cenas pintadas no teto da Capela Sistina

Como a Capela ainda é usada para atividades religiosas (além de ser onde os cardinais se trancam para escolher o novo papa), é proibido fotografar e os guardas ficam o tempo todo pedindo silêncio, infelizmente com pouco sucesso, já que as pessoas parecem não conseguir se conter diante de tanta grandiosidade.

Ao sairmos da Capela, passamos por vários outros salões em direção à saída do Museu, mas depois da Capela todas as outras obras de arte pareciam sem graça, pobres, repetitivas.

Lá fora, o jogo de gato e rato entre polícia e camelôs continuava e andamos por uns 5 minutos para a Praça São Pedro. A Praça é aquela onde fica a multidão quando o Papa aparece na janela do Palácio do Vaticano. É muito maior do se imagina e é até difícil dar uma noção real pelas fotos. A fila para entrar no Palácio estava muito grande e então desistimos.

Andamos até o Castelo Sant'Angelo, que é próximo, e no caminho passamos por um prédio muito bonito, imponente, com a bandeira brasileira. Provavelmente é a embaixada do Brasil no Vaticano.

Este castelo tem uma história interessante. Ele foi construído pelo imperador romano Hadrian, inicialmente para servir de mausoléu para ele e a família. Mais tarde, talvez em função do tipo de construção e da proximidade com o Vaticano, passou a ser usado como fortaleza pelos papas, tendo um túnel sido construído ligando o castelo ao Palácio do Vaticano, como caminho de fuga para os papas. Chegou a ser usado até como prisão. Mais recentemente, fez parte da trama do livro Anjos e Demônios do Dan Brown (o mesmo que escreveu o Código DaVinci).

Do alto do castelo tem-se uma vista privilegiada de Roma e o entardecer estava muito bonito. Saindo, passamos pela ponte sobre o Rio Tibre, que é toda decorada com estátuas e cheia de camelôs. Andamos até o restaurante Porta Castelo, que como o nome diz era bem próximo do castelo e tinha boas recomendações online.

Como era ainda relativamente cedo para o jantar, o restaurante estava vazio e conseguimos uma mesa de imediato. Nossa primeira refeição em Roma foi bem típica e estava ótima: Patricia comeu gnocchi e bebeu uma legítima Peroni tamanho família, enquanto eu comi uma pizza fininha, regada à água mineral. Aliás, as águas minerais italianas, mesmos as não tão famosas como a San Pellegrino, são ótimas e geralmente são servidas em garrafas bem grandes.

De lá, pegamos o metrô de volta para a Praça de Espanha. Já era noite e a praça estava muito bonita com grandes vasos de crisântemos rosas e vermelhos, lotada como sempre, com muita gente sentada nos degraus ("Spanish Steps"). A lua cheia surgiu no céu, se esgueirando por dentre os prédios.

Ficamos sentados nos degraus tomando sorvete (outra coisa ótima na Itália), absorvendo a paisagem e o prazer de estar em Roma. Foi o fecho de ouro de um dia perfeito.

Fotos do Museu do Vaticano, Praça de São Pedro e Castelo Sant'Angelo: Clique aqui

Fotos da Praça de Espanha à noite: Clique aqui

No próximo capítulo: Viajando no tempo rumo à Roma Antiga.


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