sábado, junho 02, 2012

Diários de Viagem: 3 - Em Roma (dia 2)

Depois de um descanso curto mas merecido, acordamos cedo para mais um dia que prometia ser bastante cheio, pois iríamos conhecer a Roma Antiga.

O café da manhã do nosso hotel na verdade era servido em outro hotel na mesma rua. Não era muito farto, mas o suficiente para nos dar a energia para começar mais uma aventura.

Entretanto, se Roma tem ou tinha um deus da chuva, esse resolveu não cooperar conosco. O que o dia anterior teve de ensolarado e bonito, este tinha de nublado e meio frio. Mas isso não era impedimento para nós e fomos em direção ao metrô, passando novamente pela Praça de Espanha, não resistindo e tirando mais fotos (clique aqui para ver).

O metrô de Roma é curto, cobrindo apenas uma pequena parte da cidade. Dizem que um dos motivos é o fato de toda vez que começam escavações para expandi-lo, acham alguma ruína antiga que acaba virando um sítio arqueológico, impedindo ou adiando a construção. Atualmente há apenas a linha A, que vai de noroeste para sudeste (a que nos levou para o Vaticano) e a linha B, que vai de nordeste para sudoeste, praticamente fazendo um X. As duas linhas se encontram na estação Termini, que é uma estação multi-modal, englobando ônibus, trens e metrô.

Mapa do metrô de Roma
Como queríamos ir para o Circo Massimo (ou Circus Maximus), pegamos a linha A, descemos na Termini e pegamos a linha B. Estávamos graduados e pós graduados em metrô de Roma!

A viagem foi rápida e, ao sairmos do metrô, a chuva que estava ameaçando, começou a apertar. Num passe de mágica, apareceram vários camelôs vendendo guarda-chuvas, capas, etc. É o chamado comércio de ocasião. Acabamos tendo que comprar um guarda-chuva vagabundo mas necessário naquele momento.

O Circo Massimo deve ter sido uma construção muito imponente na época (4 AC), com capacidade para cerca de 150 mil espectadores sentados para assistir corridas de bigas (a Fórmula 1 da época). Infelizmente, chegamos um pouco tarde: praticamente nada sobrou dele, restando apenas uma área aberta enorme, usada hoje em dia como parque e para alguns shows de música.

Fomos então para o Palazzo dei Flavii e Domus Augustana (Palácio dos Flavianos e a Casa dos Augustos), que fica do lado, no morro Palatino. Estas ruínas cobrem uma área enorme, com pelo menos dois palácios - o dos Flavianos, conhecido como Domus Flavia, que era mais usado para funções de Estado, e o dos Augustos, mais usado como residência principal do imperador, além de jardins, fontes e até um pequeno estádio. Do lado, na direção do Coliseu, está o Arco de Constantino. Veja nossas fotos clicando aqui.

Modelo da Roma Antiga, no período imperial, mostrando o Circo Massimo em
primeiro plano, o Coliseu ao fundo e entre eles, o morro Palatino.
Andamos muito, embaixo de chuva, com frio, vento e tivemos que subir e descer rampas e escadas. Estávamos ficando cansados, mas continuamos para o Coliseu.

Esta área era o centro da Roma Antiga. No vale entre o  morro Palatino e o morro Capitolino, ficavam os prédios administrativos, templos, mercados, etc. sendo a área toda conhecida como Foro Romano. Como a idéia era "pão e circo", então construíram o Circo Massimo e o Coliseu.

Graças ao Roma Pass, mais uma vez conseguimos escapar da fila, que no Coliseu era bem grande. Mesmo tendo sobrado só parte da construção original, ainda é muito imponente e faz a gente imaginar como seria há quase 2 mil anos. Foi estranho subir nas mesmas escadas e andar pelos mesmos corredores em que os romanos devem ter andado para assistir gladiadores lutarem entre si ou contra animais selvagens. De pé lá em cima, olhando para o centro embaixo, dava para imaginar a multidão gritando, sedenta de sangue. Para ter uma idéia melhor, veja fotos e filme clicando aqui.

Do Coliseu, como estávamos cansados, molhados e com fome, resolvemos almoçar. Só que ao chegarmos no restaurante que tínhamos escolhido por ser próximo e ter boas avaliações, ele estava fechado. Em plena tarde de domingo! Desconsolados, começamos a andar pelas redondezas à procura de outro. Nos deparamos então com um que estava lotado tanto dentro quanto fora, apesar da chuva (botaram um plástico encobrindo as mesas do lado de fora). Como era fora da rota turística, só tinha pessoal local e então a comida deveria ser boa, para estar lotado daquele jeito.  Disseram que a espera seria de 15 minutos e resolvemos esperar.

As mesas eram coladas umas nas outras, ou seja, era como se fossem mesas compridas com vários desconhecidos compartilhando. Como em todo lugar na Itália, tinha muita gente fumando o que mesmo sendo do lado de fora, era incômodo. O ambiente era um "alegre-barulhento": o dono e os garçons gritavam uns com os outros e com os clientes, brincando, cantando, parecia coisa de filme.

O serviço era quase amador. Garçons sumiam, traziam os pratos e quase jogavam na mesa, uma bagunça. Mas, quando chegou a comida, entendemos o motivo do restaurante estar cheio. Não vou explicar e sim botar a foto, que diz tudo:

Pizza com rúcula e tomates frescos


A conta foi ridículamente barata, o que mostra que nem sempre a melhor comida é no restaurante mais caro.

Satisfeitos e com um pouco mais de energia, continuamos para o Foro Romano, onde as pilastras que sobraram davam uma idéia da escala e imponência dos prédios. A chuva não dava trégua, os guarda-chuvas de camelô já estavam estragados pelo vento, então a nossa visita teve que ser rápida. Mesmo assim, tiramos muitas fotos, que podem ser vistas aqui.

Do Foro Romano, começamos a andar na direção do hotel, com a intenção de passar no caminho pela Praça Navona. Como ainda chovia muito e passamos por um prédio bonito, resolvemos entrar um pouco. Era o Monumento a Vittorio Emanuele II (rei que no século 19 reunificou a Itália), na Praça Veneza, que inclui o Museu da Reunificação Italiana.  Não estávamos interessados no museu e sim em poder fugir um pouco da chuva, mas tiramos algumas fotos do prédio que é bem imponente e interessante (apesar dos italianos odiarem a arquitetura dele). As fotos estão aqui.

Continuamos o nosso caminho, sempre guiados pelo GPS do celular, que às vezes se perdia mas acabava dando conta do serviço. Passamos por várias ruas, a maioria do comércio estava fechado (era fim da tarde de domingo), mas tinha um café aberto e paramos para um cafezinho estilo brasileiro: de pé no balcão.

Passamos pela Praça Argentina (que leva esse nome devido a um antigo Teatro Argentino que tem ou tinha nela) e, no meio dela, mais escavações e ruínas. Em Roma é assim. Você vai andando pela cidade e volta e meia se depara com ruínas de construções do tempo do Império Romano. Afinal de contas, esta era a capital do maior império que o mundo já conheceu.

A Praça Navona foi uma agradável surpresa. É muito bonita, com mais uma fonte de Bernini e outras duas de Giacomo della Porta. Os prédios em volta, em estilo barroco, compõe um cenário harmonioso e elegante e, dentre eles, a Igreja de Santa Inês e a embaixada brasileira que ocupa o Palácio Pamphili - um belo prédio. Há também vários restaurantes e cafés, com mesas e cadeiras do lado de fora. Comprove clicando aqui.

Ao saírmos da praça, passamos por uma sorveteria e não resistimos. As sorveterias em Roma são uma história à parte: os sabores, que são muitos, ficam expostos, criando um colorido que dá água na boca. Os sorvetes são cremosos, com um sabor agradável, sem serem enjoativos. Há sorveterias em toda parte, tornando impossível resistir à tentação.

Ao chegarmos no hotel já era noite. Estávamos cansados, molhados, mas ainda tínhamos que jantar.  Antes que o restinho de ânimo acabasse, resolvemos sair em direção à Fontana di Trevi, pois esta seria a nossa última noite em Roma e não teríamos outra oportunidade de vê-la iluminada.

Como era perto, chegamos rapidamente. A Fontana é muito mais bonita do que as fotos mostram, até porque eu esqueci a câmera no hotel e tivemos que fotografar e filmar com o celular, que não é muito bom com pouca luz (clique aqui para ver).

A fonte fica quase que escondida, na esquina de duas ruas estreitas. A tradição diz que quem jogar moedas na fonte assegura o retorno à Roma, então Patricia jogou. Estamos aguardando receber as passagens aéreas de cortesia, para podermos voltar à Roma...

De lá rodamos um pouco pelas ruazinhas da redondeza, até escolhermos um restaurante, onde jantamos, com direito a um brinde à nossa estadia em Roma e profiteroles.




Estava completo um dia longo. Restavam agora boas lembranças, muitas fotos e bolhas nos pés.

No próximo capítulo: os últimos passeios por Roma e a partida com destino a Tel-Aviv, via Londres.


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2 comentários:

Anônimo disse...

Estou adorando, viajando junto com vcs.
Bjs
Grace

Janete disse...

Estou adorando!
Tantos Detalhes que nos levam à viagem com vcs!
Continua!
Bjos
Janete