O Monte das Oliveiras fica numa vizinhança predominantemente árabe e lá em cima não tem muito movimento além do de turistas. O local, além de ter uma privilegiada vista panorâmica, é importante para o judaísmo e para o cristianismo.
Para o judaísmo, porque no Monte há um cemitério judaico de mais de 3 mil anos, que é usado até hoje (deve ser o cemitério mais antigo em operação), com cerca de 150 mil túmulos. Parte foi destruída durante o domínio jordaniano. Muitos querem ser enterrados nele não só por tradição mas também porque na Bíblia há uma passagem que diz que quando o Messias chegar, a ressurreição dos mortos começará por lá.
Para o cristianismo, porque de acordo com o Novo Testamento, Jesus ascendeu a partir do Monte das Oliveiras, além de por um tempo ter sido o local onde ele ensinava e pregava aos discípulos, e onde ele passou a noite antes de ser preso e crucificado.
Havia muitos ônibus de turismo com vários grupos e ventava bastante. Tiramos muitas fotos, com vistas para a cidade velha, cidade nova, Cidade de David (que havíamos visitado no dia anterior) e caminhamos pelo cemitério, um local tranquilo e simples.
De lá, descemos um pouco a ladeira e paramos na Capela da Ascensão, construída no local em que se acredita que Cristo tenha subido aos céus. No chão, dentro de um retângulo de pedra, há uma laje com o que dizem ser uma impressão do pé direito de Jesus (a do esquerdo foi levada na idade média para a Mesquita de Al-Aqsa), sendo o último lugar na terra que Jesus teria tocado.
As fotos tiradas do alto do Monte das Oliveiras e da Capela podem ser vistas aqui.
Depois de muito custo conseguimos um taxi, que nos deixou no portão Jaffa da cidade velha. Fomos então conhecer a Torre de David. Apesar do nome, o local não tem nada a ver com o Rei David. Este nome foi dado pelos bizantinos, que pensavam erroneamente que o local havia sido o palácio de David.
A Torre de David é uma fortaleza próxima ao portão Jaffa, construída no no século 2 AC e destruída e reconstruída várias vezes, por ter importância estratégica na defesa da cidade. Hoje é usada para fins mais pacíficos, como local de shows e concertos, e como museu de artefatos e ruínas, algumas com mais de 2700 anos, da época dos cananeus.
Chegando lá, fomos para a bilheteria pegar o ingresso que tínhamos comprado online para visitar a Torre durante o dia e para assistir o show de luzes à noite (mais tarde comento sobre ele). Aí, pasmem, disseram que a entrada para a visita matinal tinha sido reduzida e devolveram parte do valor pago!
Andamos por toda a fortaleza, num sobe e desce de degraus que já estava virando rotina, tirando muitas fotos. Passamos também por vários salões com filmes e exposições, mas o melhor mesmo foi o visual do topo da fortaleza, de onde tem-se uma vista panorâmica dos arredores. Veja as fotos aqui.
Ao sairmos da Torre e, como este seria o nosso último dia na cidade velha, resolvemos passar mais uma vez no Muro, para uma "despedida". Já estávamos craques em navegar pela ruelas da cidade velha e achar o caminho. Ao chegar lá, como era quinta-feira, havia festas de Bar-Mitzvá (maioridade religiosa judaica, aos 13 anos para os garotos e 12 para as garotas) junto do muro, com música, gente dançando e muita alegria.
Depois, pensamos até em visitar o Domo da Rocha, mas a entrada só é permitida em algumas horas do dia e a fila estava muito grande. Depois de ficarmos na fila por uns 15 minutos no sol forte, sem que ela sequer andasse um passo, desistimos e fomos almoçar.
Neste ponto, cabe uma correção: no relato do dia anterior (veja aqui, se não lembrar), eu havia dito que sentamos em um restaurante, não fomos atendidos e fomos para outro no setor árabe, que teria o melhor humus de Jerusalém. Tudo isso era verdade, só que não aconteceu naquele dia e sim nesse (muita coisa para lembrar, escrevendo mais de um mês depois do ocorrido!). Desculpem a nossa falha. Confiram as fotos do muro e do restaurante aqui.
Depois do almoço, saímos como no dia anterior pelo portão Damascus na parte árabe da Jerusalém nova, mas desta vez já sabíamos o caminho para a estação do trem. Pegamos o metrô de superfície até o centro da cidade nova, para evitar trânsito e de lá pegamos um taxi até o Museu de Israel, que era perto.
O Museu é muito bonito, composto de vários prédios modernos. Um deles tem uma cúpula que lembra o chocolate Kisses, muito comum aqui nos EUA. Este museu é onde estão os manuscritos do Mar Morto, que foram revelados ao mundo há alguns anos e que confirmaram várias passagens do Primeiro Testamento. Ao entrarmos no museu, descobrimos que naquele dia a entrada era grátis (devia ser um dia especial em todos os museus, já que recebemos devolução na Torre de David, conforme relatado acima).
Em resumo, o mais interessante para nós foi ver os manuscritos, que tentamos fotografar mas como são mantidos em salas com pouquíssima luz para não danifica-los, as fotos saíram péssimas. Muito interessante a escrita, toda certinha, numa linguagem que parece ser um proto-hebraico. Passamos também por várias relíquias arqueológicas de Israel e vizinhos como o Egito e, do lado de fora, havia esculturas modernas e uma maquete ENORME de como teria sido Jerusalém na época do Segundo Templo. A reprodução está tão bem feita, com muitos detalhes, que fotografando uma parte com zoom, alguém poderia acreditar que era foto do prédio verdadeiro e não uma maquete.
Ficamos por lá até o fechamento, as 5 da tarde e fomos andando na direção do Parlamento israelense, o Knesset. O prédio em si, pelo lado de fora, não parece nada de mais. Em frente, há um parque muito bonito, extremamente florido, com muita gente aproveitando o sol e calor para acampar, brincar com as crianças na grama, jogar bola, etc. O parque tem uma Menorah gigante que, por incrível que pareça, não conseguimos achar. Achamos uma menor, fotografamos e nos demos por satisfeitos...
Ao final do parque, passamos pelo prédio da Suprema Corte israelense. Naquela redondeza há vários prédios de órgãos do governo, já que Jerusalém é a capital. Veja as fotos tiradas no Museu de Israel e neste lugares próximos, clicando aqui.
Estávamos ficando cansados, pois estávamos andando desde cedo e ainda tínhamos compromisso para a noite, então pegamos um taxi para o hotel. Chegando na rua do hotel, sentamos numa lanchonete na esquina para beliscar algo. Patrícia pediu uma trufa de chocolate, mas acho que eu pedi melhor: era um bolo com chocolate no meio, que eles aqueceram e o chocolate derreteu (aqui nos EUA isso se chama lava cake - "bolo de lava"). Uma delícia e até me dá água na boca lembrando e escrevendo.
Descansamos um pouco e mais tarde lá fomos nós de novo para a cidade velha, para assistir ao show de luzes e som na Torre de David. Foi interessante ver os muros da cidade velha iluminados à noite. Tinha muita gente para ver o show (compramos ingressos com 3 meses de antecedência, porque esgotam) e ficamos ali no meio da multidão esperando abrirem as portas. Quando abriram, havia cadeiras em volta da área central, em cima e embaixo. Resolvemos então ficar em cima, de onde poderíamos ter uma vista melhor.
Imaginem então o cenário: sentados, dentro de uma fortaleza de pedra de mais de mil anos, à noite, escuro, com algumas luzes projetadas nas paredes de pedra. Já estava bonito antes mesmo do show começar. Veja as fotos aqui.
Aí o show começou e vou tentar descrever, mas tenho certeza que não vai fazer jus. Eles projetaram imagens nas ruínas, contando a história de Jerusalém, desde os tempos primordiais até os dias de hoje. As imagens eram coloridas e tinha um efeito em alto relevo, como 3D. Então, quando aparecia uma pessoa, não parecia ser uma projeção e sim um ator. Quando aparecia um cavalo, parecia que estava lá, vivo. O som e a música também ajudavam a criar o clima. O show durou cerca de 25 minutos, mas valeu por cada segundo e deixou uma sensação de quero mais. Como era proibido filmar, veja partes do show no youtube, clicando aqui.
Eu e Patricia saímos do show em estado de graça, pois foi um dos pontos altos não só de Jerusalém, mas da viagem toda. É imperdível para quem for a Jerusalém. Andamos mais um pouco pela cidade velha, pois queríamos fazer umas compras, mas as lojas estavam fechando. Então passamos pelo Mamilla, que estava lotado e fomos para aquele point em torno das ruas Jaffa e Ben-Yehudá, onde tínhamos jantados há duas noites.
Apesar de ser quase 10 da noite, conseguimos comprar presentes para a Vivian e Marcelo (com muita negociação, como manda o costume local), e Pat comprou uma bolsa que ela tinha visto antes e gostado. Então voltamos ao mesmo restaurante (Bleecker) onde tínhamos comido da outra vez e descobrimos que já estávamos conhecidos em Jerusalém, apesar de estarmos lá há poucos dias: a recepcionista do restaurante disse que o garçom que nos tinha atendido antes viu que estávamos chegando e avisou que éramos clientes dele, e que era para ela nos atender muito bem...
Como muita gente não trabalha sexta-feira por causa do Shabbat, a noite de quinta-feira é sempre muito movimentada. As ruas e restaurantes estavam cheios e estava um clima geral muito agradável. Patricia encerrou o jantar tomando um chá natural de hortelã, muito comum em Israel.
Chá de hortelã e com hortelã |
Voltamos andando para o hotel, curtindo a nossa última noite em Jerusalém, cidade que superou todas as nossas expectativas, que já eram altas. É impressionante como um lugar tão pequeno pode ter tanta história e tanto significado para tantas culturas diferentes. É fascinante ver as várias perspectiva de Jerusalém, como a maior cidade e capital de Israel, ao mesmo tempo moderna e antiga. É um lugar especial, independentemente da crença, fé ou nacionalidade de quem visita.
No próximo capítulo: Adeus a Jerusalém e rumo ao Mar Morto.
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2 comentários:
Obrigada Marco e Pat!
Estudar é preciso para poder usufuir ao máximo tudo que esse pais mágico nos oferece.
Bjos
Janete
Continuando:
As fotos estão maravilhosas!
É muita emoção!
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