quarta-feira, junho 20, 2012

Diários de Viagem: 8 - Na Área do Mar Morto

Dia de ir embora de Jerusalém. Se por um lado estávamos com pena porque tínhamos gostado muito da cidade, por outro estávamos ansiosos e curiosos com o que ainda estava por vir, pois agora começaria a nossa aventura cruzando de carro Israel todo, primeiramente rumo ao sul e depois ao norte.

Café da manhã tomado e, como ainda era cedo, subimos a rua do hotel, pois na noite anterior um casal de israelenses que estava jantando numa mesa próxima à nossa nos deu a dica de que às sextas-feiras há uma feira de artesanato na rua. A feira era bem comprida e havia muita coisa, mas nada que nos interessasse.

De volta ao hotel, fechamos as malas, deixamos na recepção e fomos pegar o carro que estava reservado. A locadora ficava a uns 20 minutos andando, próxima ao hotel King David. No caminho, passamos pela Grande Sinagoga de Jerusalém mas não entramos porque àquela hora parecia estar fechada.

Grande Sinagoga de Jerusalém

Depois do GPS do celular ter se perdido e termos que perguntar a algumas pessoas no caminho, passamos pelo Hotel King David, que é bem grande e um dos mais caros de Jerusalém, finalmente chegamos na locadora. O atendimento foi demorado e confuso (serviços em Israel parecem ser meio enrolados), o que já não era um bom sinal. Quando fomos pegar o carro, estava com quase 80 mil km rodados, com vários amassadinhos e arranhões. Pedi outro, mas não tinha. Resignados e sem opção, saímos com ele mesmo.

Pegamos as malas no hotel e fomos embora. A saída de Jerusalém foi complicada: o GPS se perdeu, a gente entrou no lugar errado, acabamos dando umas 3 voltas em torno da cidade velha até acharmos o caminho certo, tudo isso no meio de um trânsito péssimo, o que atrasou bastante.

O problema é que Israel passou algumas áreas da Cisjordânia para o controle da Autoridade Palestina e, ou o GPS tenta fazer o caminho passando por essas áreas, o que não é desejável (locadoras não permitem uso dos carros alugados nestas áreas, por não serem seguras), ou o mapa dos GPS não reconhecem que determinadas estradas, apesar de passarem por essas áreas, estão sob controle de Israel e portanto não há problema.

Caminho de Jerusalém para o Mar Morto
As estradas que levam de Jerusalém para a região do Mar Morto (rodovias 1 e 90) estavam nesse segundo caso e a muito custo conseguimos entrar na 1. Como Jerusalém está mais para o centro, pegamos a rodovia 1 para leste, na direção do Mar Morto e depois seguimos para sul, margeando o Mar Morto, pela rodovia 90.

O caminho é muito interessante, cruzando o Deserto da Judéia. Vermos o Mar Morto pela primeira vez foi uma emoção, já que na 90, de um lado fica o Mar Morto e do outro o deserto, com montanhas de areia. Como não há vida no Mar Morto e pouca vida visível no deserto, parecia que estávamos em outro planeta, mas a paisagem tem uma beleza especial que as fotos não conseguem captar inteiramente.  

No cruzamento da 1 com a 90 havia um posto de gasolina daqueles de parada de ônibus que vendem de tudo e, como estava muito calor, paramos para comprar uma água e aproveitei para comprar um chapéu de palha, acessório que seria essencial nesta região. Lá vimos um camelo que, eu tenho certeza, estava sorrindo para a gente. Confira as fotos do caminho e do camelo aqui.

O Mar Morto (que na verdade é um grande lago salgado) fica a mais de 400 metros abaixo do nível do mar, sendo o ponto mais baixo na superfície da Terra. Por isso, a densidade de oxigênio no ar é bem maior que o normal, o que facilita a respiração e naturalmente filtra os raios ultra-violetas do sol, limitando a necessidade de protetor solar. Ele tem esse nome porque como a concentração de sal na água é quase 10 vezes maior que a dos oceanos, nada consegue viver nele. Surpreendentemente, há poucas praias (leia-se, lugar onde não é proibido entrar na água), sendo a mais famosa a de Ein Bokek, onde tem vários hotéis.

Como Ein Bokek fica lotada de turistas, optamos por ir para a Praia Mineral (Mineral Beach), que é mais usada por israelenses. A praia fica na área de um Kibbutz e da fábrica Ahava de produtos de beleza do Mar Morto. A praia não estava muito cheia e é bem organizada: você paga um ingresso e desfruta de infraestrutura que inclui vestiários, chuveiros, cadeiras, etc.

Entrar na água do Mar Morto foi uma experiência estranha no início, porque é impossível afundar. Logicamente você não pode mergulhar ou molhar o rosto e qualquer feridinha na pele arde bastante. Quando você entra pela primeira vez é muito esquisita a sensação de flutuar em qualquer posição, mas aos poucos você vai acostumando. Curtimos bastante a novidade.

Em algumas áreas do Mar Morto tem uma lama que dizem ser boa para pele. Nessa praia não tinha, mas eles traziam tonéis com lama. A lama tem a consistência quase como de massa de modelar. A gente passa no corpo e deixa secando ao sol por 20 minutos, criando uma crosta e depois tira numa das duchas. Sentimos a pele um pouco mais macia depois, mas pode ser efeito placebo. O que interessa é que deram umas fotos ótimas. Veja aqui.

De lá, continuamos na direção sul, ainda margeando o Mar Morto e o deserto. O plano original era irmos para Ein Gedi, que é um oásis próximo, mas já estava tarde então deixamos para o dia seguinte. Assim, seguimos para Ein Bokek e sentamos no restaurante Hordus, do lado de fora, em frente ao mar. Estava muito agradável, pois o sol estava se pondo, o calor tinha diminuído e estávamos bem relaxados depois do banho de mar. Ainda tinha muito movimento, com gente acampando na areia, tocando música, tomando banho no mar. Veja algumas fotos tiradas no caminho e no restaurante clicando aqui.

Matada a fome, continuamos para o sul, até onde o Mar Morto termina. O nosso hotel era em uma pequena cidade/comunidade agrícola (moshav em hebraico) chamada Neot Hakikar. Escolhemos este local, não só pela proximidade do Mar Morto e de Massada (nosso programa para o dia seguinte), mas também porque queríamos experimentar algo mais local, diferente de hotéis de cadeia. Esse moshav fica literalmente na fronteira com a Jordânia e tem uma base de treinamento do exército lá. É uma fronteira calma, pois Israel e a Jordânia assinaram acordo de paz há muitos anos.

Embora chegamos facilmente ao moshav, depois de passarmos pelo portão de acesso controlado por um soldado, achar o hotel foi meio difícil, pois já era noite e as instruções não eram claras. Com a dona do hotel ao telefone com a Vivian (que podia ligar grátis para Israel) durante vários minutos e a Vivian mandando torpedos para a gente, finalmente chegamos. A dona A dona ficou muito surpresa ao saber que a Vivian estava ligando de New York e não de Israel...

Fomos muito bem recebidos, mesmo sendo tarde. A dona tinha preparado um prato de tâmaras da própria plantação dela e o chalé era muito bonito, confortável, espaçoso. Dormimos bem e no dia seguinte de manhã, antes de irmos embora, andamos um pouco pelo moshav, vendo as plantações (impressionante como conseguem fazer crescer tomate, pimentão, melancia e muito mais coisas naquela areia de deserto) e até mesmo arame farpado e campo minado na fronteira! Veja as fotos aqui.     

Mas, o dia seguinte é assunto para o próximo artigo, quando visitamos Massada, o oásis de Ein Gedi e seguimos para o deserto do Neguev.


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Um comentário:

Janete disse...

Tranquila por estar protegida por um guia!
Imprimindo algumas partes para ler com mais conforto.
Continua...