segunda-feira, julho 23, 2012

Diários de Viagem: 12 - Netanya, Cesarea, Akko e Ramot

Para podermos ir à praia em Netanya, aproveitando o sol sempre presente, acordamos cedo e descemos para tomar café, pois tínhamos que fazer checkout ao meio-dia, além de termos muita coisa programada, já que iríamos continuar subindo a costa de Israel, visitando Cesarea e Akko (Acre) e depois ir para leste, próximo ao Mar da Galiléia.

Netanya - Cesarea - Akko - Ramot

O restaurante do hotel estava bem movimentado, com a idade média dos hóspedes em torno de uns 70 anos. Nos sentimos muito jovens. O sistema também era de buffet, mas não chegava nem aos pés do de Eilat, até porque o hotel era mais simples. Mas, deu para o gasto e fomos para a praia. Aí começaram as surpresas.

A rua da praia (como se fosse a Av. Atlântica do Rio) parece mais um parque, pois é toda ajardinada e muito bonita, com alguns prédios modernos, hotéis e restaurantes, além de vários elementos decorativos combinando com as palmeiras (ou seriam tamareiras?). Descobrimos então que estávamos num nível bem mais alto que a praia, pois ela estava bem la' embaixo. Para descer, pega-se um elevador! O maior luxo ir à praia de elevador!

O hall onde está o elevador é todo em piso de granito, muito bem decorado e nem parece caminho de praia e sim agência de banco. Pegamos o elevador (que é panorâmico) e saímos em outro hall do mesmo tipo. O movimento, talvez em função da hora e de ser dia de semana, era pequeno. Lá embaixo tem uma outra rua que parece ser apenas para acesso às vagas do estacionamento, pois praticamente não passava carro. A praia, tanto vista do alto, como já embaixo, é lindíssima, com o mar azul, a água transparente em alguns pontos e bem calma. O formato também é interessante fazendo vários "U", criando pequenas praias separadas. Havia também uma área semi-coberta com aparelhos de ginástica.

A praia foi o máximo. Tranquila, a água na temperatura certa, areia limpa, sol ótimo. Entrando na água, a gente teve que andar bastante para poder mergulhar, pois a beira é bem rasa. Foi pena não podermos ficar mais tempo (horas, dias, semanas!), mas aproveitamos bastante enquanto deu. Fiquei morrendo de inveja de uns caras pescando nas pedras do quebra-mar. Quem sabe um dia.

Voltando para o hotel, tomamos banho, fechamos as malas e fomos fazer checkout. O balcão estava bem cheio e custamos a ser atendidos (como de hábito), mas o senhor que nos atendeu foi muito simpático e ficou conversando sobre o Brasil, que ele admirava muito.

Quem leu direitinho o capítulo anterior, deve lembrar que mencionei que a luz do ABS do carro tinha acendido e apagado. Como ainda íamos viajar muito e nosso próximo destino seria o parque de Cesarea, onde diziam ser comum arrombarem carros com mala à mostra (estávamos com uma no banco de trás pois as duas não cabiam no porta-malas), resolvemos passar numa agência da nossa locadora que ficava a cerca de uma esquina do hotel.

Trocamos de carro, pagando extra e pegando um maior com porta-malas em que coube a nossa bagagem toda. Este carro estava em melhor estado que o outro, mas depois descobrimos que o acendedor de cigarros não funcionava, o que era um problema para carregar o celular que estava consumindo muita bateria por estar sendo usado como GPS. Por sorte eu tinha levado duas extras. De resto, o carro se comportou bem.

Fomos embora com pena. Netanya, que seria apenas um ponto para pernoitarmos, parecia ser muito mais atraente do que imaginávamos. Se um dia voltarmos a Israel, Netanya certamente seria um lugar em que gostaríamos de poder passar mais tempo. Portanto, fica aí mais uma dica de viagem: Netanya! Veja as fotos clicando aqui e garanto que você vai concordar.

Já estávamos bem atrasados no nosso roteiro e fomos para Cesarea, que não era longe. A sinalização, obras no caminho e o GPS não ajudaram muito a achar a entrada do Parque Nacional de Cesarea, mas depois de rodarmos um pouco conseguimos. Chegando lá, vimos que a preocupação com arrombamento de carros não parecia ter sentido, pois tinha gente tomando conta do estacionamento e ele era bem movimentado. Como Cesarea é parque nacional, usamos o passe que tínhamos comprado em Massada.

Vista aérea de Cesarea, com o anfiteatro (redondo) e
o hipódromo (retangular) bem visíveis
Cesarea era a capital administrativa de toda a região na época do domínio romano. Foi construída por volta do ano 25 AC por Herodes, que logicamente incluiu no projeto um palácio para ele. O nome original, Caesarea Marítima, foi dado em homenagem ao Imperador Augusto Cesar. A cidade chegou a ter 125 mil habitantes e deve ter sido muito imponente e bonita, pois ficava à beira mar. Há bastante ruínas, numa grande área, dando para ter uma idéia dos prédios, do estádio, do anfiteatro (que, parcialmente reformado, é usado hoje para shows), etc. Como quase todo lugar em Israel, passou também pelo domínio dos bizantinos, dos cristãos na época das cruzadas e dos muçulmanos, tendo então ruínas de um mosteiro bizantino, uma igreja cristã e uma mesquita muçulmana.

É um lugar interessante, mas talvez por termos antes visitado as ruínas em Roma, o impacto foi um pouco menor. Ficamos lá por cerca de duas horas e embora originalmente termos planejado visitar o aqueduto de Cesarea, que não fica no mesmo local, decidimos rumamos direto para Akko, em função do horário. Veja as fotos de Cesarea clicando aqui.

De Cesarea para Akko, tem que passar por Haifa. O trânsito não só em Haifa, mas antes e depois também, estava muito ruim, irritante. Muitos sinais e obras (parece que estão fazendo um pista para passar metrô de superfície). Finalmente chegamos a Akko, estacionamos o carro fora da cidade antiga e entramos a pé.

Vista aérea de Akko
Akko, também conhecida com Acre, da mesma forma que Jerusalém, tem duas partes, a cidade nova e a cidade velha que, assim como Jerusalém velha, é cercada de muralhas, com ruas de paralelepípedos, construções baixas e antigas e muitas ruelas, que fazem mais parecer um labirinto. É uma das cidades mais antigas de Israel.

Sinceramente, não gostamos muito de lá. A vista para a baía e para o mar é bonita, mas a cidade velha em si, para quem já esteve em Jerusalém, não acrescentou muito. Passamos por vários restaurantes e residências e nos perdemos no labirinto de ruas, passando por áreas que não eram exatamente convidativas, com os moradores nos olhando de forma meio atravessada. A impressão que passa é a de um lugar meio largado, mal tratado. Foi o único lugar em Israel que achamos que não valeu a pena...

De lá, pegamos o carro e fomos para a cidade nova, jantar em um restaurante chamado Mobarsham, de frente para o mar. A essa altura, estávamos famintos e o restaurante foi uma ótima opção: como sempre, trouxeram muitos aperitivos (pão árabe, humus, tabule, saladas, etc.) e a comida e o atendimento foram bons. Trouxeram uma sobremesa que não conhecíamos, mas que estava deliciosa. Parecia uma espécie de pudim de leite com água de flores e é chamado mouhallabie.

Depois, para ajudar a digestão, passeamos pela orla que é bonita e também tem algumas ruínas. Tiramos fotos e ficamos no carro vendo o sol se por no Mediterrâneo. As fotos tiradas em Akko podem ser vistas clicando aqui.

Seguimos então para a Galiléia, pois o nosso hotel era num lugar chamado Ramot, perto do Mar da Galiléia, também chamado de Lago Tibérias ou de Lago Kineret. Como vocês podem ver no mapa acima, saímos da costa e cortamos Israel de Oeste para Leste, na direção da fronteira com a Síria. A viagem levou umas 2 horas e passou por estradas com muitas curvas e subidas.

Ramot fica bem no alto, com vista para o Kineret, mas como chegamos lá pouco depois das 9 horas da noite, não dava para ver muito. O hotel, assim como o que ficamos na região do Mar Morto, ficava numa comunidade agrícola (moshav) e as acomodações eram praticamente casinhas independentes.

Não vimos ninguém e então batemos na porta do escritório, que era na casa dos donos. Eles nos receberam com surpresa, pois tinham sido informados que a nossa reserva havia sido cancelada pelo agente local do hotels.com, onde eu havia feito a reserva. O mais estranho é que dois dias antes eu havia recebido um e-mail do hotels.com confirmando a  reserva e dizendo que estava tudo certo. Por sorte, eles estavam totalmente vazios e puderam rapidamente preparar uma das casinhas. Só que eles não tinham como aceitar cartão de crédito (normalmente o site em que fiz a reserva debitaria do meu cartão e mandaria um voucher para o hotel, mas como cancelaram, o pagamento não foi feito). Combinamos então que no dia seguinte eu sacaria em dinheiro num caixa eletrônico e pagaria em espécie.

Passado o susto, fomos para a casinha, que era ótima, com uma cozinha, sala de estar, quarto e banheiro. Tinha 2 TVs e até hidromassagem. O silêncio era total e dormimos muito bem.

No próximo capítulo: desbravando o Golan.



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Um comentário:

Janete disse...

Viagem muito bem planejada, mas tenho que admitir: foi uma iniciativa bastante ousada. Parabéns!